quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um minuto



Eles estavam do lado oposto da calçada. Ela falava com as mãos e o rosto aflitos. Ele a ouvia serenamente, pelo que sinalizava seu corpo imóvel, de costas para mim. Ela aquietou-se e baixou a cabeça. Ele acolheu seu rosto com uma das mãos. Abraçaram-se. Desfeito o abraço, olhos nos olhos e mãos dadas, ela beijou-lhe as mãos (pouco existe de mais terno do que um beijo nas mãos). Ela partiu tranquila. Ele acompanhou-a por trás dos óculos que agora eu via. Ele acenou com a mão, para ela, a alegria da paz. E um nascer de saudade.


arte: Camille Claudel

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