segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Warmth


Someday

I 'll ask you to stay.

We'll talk under the trees.


Then, this day,

our friend, the shadow,

will make comfortable our sleep.


(por João Luis Calliari)
arte:Marc Chagall

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

João e sua Maria


O amor é para poucos,

não me iludo:

ser o lençol todas as noites,

esquentar os pães de manhã.


Mas há outro amor

do qual pouco se diz

que despetala somente

bem-me-quer .
arte: Marc Chagall

sábado, 19 de fevereiro de 2011

três prédios, da janela


olho pela varanda
a vida que passa lá fora

em noites azul marinho
a vontade de navegar

não que eu não possa
mas o tempo passa
e algumas ilhas
não se pode mais alcançar

há uma idade dentro
há uma idade fora

não comunicam-se
o corpo nem sempre fala

quando é cedo?
quando será tarde?
foto: Elliott Erwitt

mulher de fases




estrela do mar


paris


frança


renda


ameixa


carmin


volúpia


nude


deixa beijar




suas mãos








Ternura



Sentei-me ao lado dela, no banco vermelho da entrada do cinema.

Ele aproximou-se, beijou-a nos lábios.

"Tomou chuva?", ela perguntou, cuidadosa.

"Um pouco".

"Se soubesse, teria trazido seu agasalho".


Um casal de mais de setenta anos. Senti esperança.
arte: Renoir

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os presentes


Que presentes te daria

Uma estrela vã do firmamento

Pra iluminar o vão do pensamento

Pra iluminar o vão do pensamento

Uma TV na garantia

Árvores plantadas no cimento

E o meu perfume na rosa dos ventos

E o meu perfume na rosa dos ventos

E o meu perfume na rosa dos ventos...


Um novo ritmo

Cartas de amor com frente e verso

E meu percurso nesse universo

E meu percurso nesse universo

E meu percurso nesse universo...

Nas horas sem fim

Em que a dor não tem mais cabimento

É no teu prumo que eu me oriento

É no teu prumo que eu me oriento

É no teu prumo que eu me oriento...

Catedrais de alvenaria

Senhas pra não mais perder a vez

Casa, comida e um milhão por mês

Casa, comida e um milhão por mês

Casa, comida e um milhão por mês...

(Kléber Albuquerque)

De manhã



Na viela do cortiço,
uma placa:

“Bendito serás ao entrares
Bendito serás ao saires”

No meu carro,
uma canção sobre o amor.
arte: Paul Klee

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011


qual a maciez dos teus cabelos?

a cor dos teus olhos?

o tez dos teus ombros?


imagino,

enquanto tuas mãos me acolhem

e tua voz me chama para

eu saber melhor de mim


arte: Marc Chagall

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


"Love is it's own reward"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

"Se os olhos vêem com amor o que não é,
tem de ser"

(Pe. Antônio Vieira)

Pausa







clareou-me

os preconceitos

os desamores

desarmou-me


existe, então, melhor caminho do que a dor
para aliviá-la?


por fim, todo amor é bom



arte: Modigliani

sábado, 12 de fevereiro de 2011


Meu amor é pelo tato.

Te abraço, te beijo,

danço com você no meu quarto.

Descubro tuas dobras,

teu cheiro,

me redescubro em você,

meu pequeno Theo.


É só você quem conhece,
este meu sorriso tão largo.










arte: Renoir

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


"Just call me angel of the morning, baby

Just touch my checks before you leave me, baby"



(Nina Simone)



arte: Edward Hooper

As janelas


"Aquele que olha, do lado de fora, através de uma janela aberta, nunca vê tantas coisas quanto aquele que contempla uma janela fechada. Não há objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais obscuro, mais deslumbrante que uma janela iluminada por uma vela. O que pode ser visto à luz do sol sempre é menos interessante do que aquilo que se passa atrás de um vidro. Nesse buraco negro ou luminoso, vive a vida, sonha a vida, sofre a vida.

Além das vagas de telhas, avisto uma mulher madura, já enrugada, pobre, sempre inclinada sobre alguma coisa, e que não sai nunca. Com seu rosto, sua roupa, seu gesto, com quase nada, refiz a história dessa mulher, ou melhor, a lenda dela, e, de vez em quando, conto-ma chorando.

Se fosse um pobre velho homem, teria refeito a história dele com a mesma facilidade.

E deito-me, orgulhoso de ter vivido sofrido nas outras pessoas que não sejam eu mesmo.

Pode ser que vocês me digam: "Está seguro de que essa lenda seja verdadeira?" Que importa o que possa ser a realidade posta fora de mim, se ela me ajudar a viver, a sentir que eu sou e o que sou?"



(Charles Baudelaire - "O Esplim de Paris: pequenos poemas em prosa"- tradução: Oleg Almeida)
arte: Rene Magritte

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Senhora


um bebê dorme
um cão ganha vento na varanda
uma cortina esvoaça

a tarde paira, quente e fresca
para o repouso tranquilo de seus habitantes


sinto-me num livro de José de Alencar