
Tomo para mim as dores do mundo. Não assisto mais a noticiários, não me habituo a tragédias. Não que eu seja tão sensível ou tão altruísta. Talvez eu ainda não tenha aprendido a separar-me do outro.
Diante da dor de um familiar eu abraço a causa com raiva e afeto. Eu me incomodo, tomo partido. Sei que a imparcialidade não dói mas minha paixão tem partido,levanta a bandeira da torcida, não fica no banco reserva.
Ainda não aprendi a ser metade. Ainda não aprendi a ser o inteiro, isolado.
Tento me adestrar ao que me poderia ser mais confortável e eliminar as olheiras da noite mal dormida.
Creio tanto no outro que me esfacelo em tantos pedaços quanto a suposta altura daquele que me fiz acreditar. Minha crença precisa aprender a crer.
Quem sabe um dia eu possa ouvir em silêncio. O silêncio maduro do não comprometimento. Quem sabe eu possa ligar a televisão com a distância necessária. Quisera um dia não mais precisar da distância.
arte: Salvador Dali
2 comentários:
Adorei. Um momento de sossego no meio do turbilhão.
Abraços
Quem bom que a palavra tenha essa permissão. Obrigada1
Abs,
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