quarta-feira, 12 de maio de 2010




A hora da partida

(Sophia de Mello Breyner Andresen)


A hora da partida soa quando

escurece o jardim e o vento passa.

Estala o chão e as portas batem, quando

a noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando

as árvores parecem inspiradas.

Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos

me é estranha e longínqua a minha face

e de mim se desprende a minha vida.

Um comentário:

João Luis Calliari Poesias disse...

É o fardo...tem de se largar, para poder carregar o próximo